sábado, 31 de janeiro de 2015

A Demonização de Lord Vincus




 Nessa insana santa hora do pecado
em que transige o corpo o mar do espírito,
transpõe do humano ser ao ser alado
além dos mitos todos, do infinito.
Lançai pontes no vão, ao voo do rito
dimensões sem parar e o interestrelado
em flor e luz abrir num céu tão ínsito
de sombras e sóis mortos adornados...
Nesta hora de sangue e de crepúsculo
vibram veia e voz, a alma e o músculo
último da molecular matéria!
Hora em que a meditar, ao ermo, às vezes,
surpreendentemente igual aos deuses
sublimamos nossa angula miséria.

(Dilson Lima)

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Curador de Almas




I

Eu sou curador de almas, sou poeta e pensador
Dadorangústia que me assola
O Saber é meu amor


Sou médico do rebanho, do rebanho adoecido
Adoecido por ser rebanho
Do intelecto reprimido

Pelas ruas escuras eu passeio, passeio de alma a rigor
com bico, capa e cajado
Liberto o homem sofredor

Com Sophia sou casado, oratória minha filha
com cajado eu milagro
cura-dor que me angustia

De Asclépio eu sou filho, Trimegisto meu avô
Na esmeralda fui fundido
Com mercúrio em vapor

II

Na Prata sinto trevas, no Ouro o calor
No templo ouço sino
Na Alma um vetor

Em sonho vi a Pedra
A pedra sobre o céu
Sobre o céu não há matéria
Guardo a Pedra sob-véu

O Leão rugi imponente em matura maturar
Matura homem que labuta
Sobre si a lapidar

A gralha curandeira, grita a morte afastar
Thanátos recu-usado
Volátil erva medicar

III

Do fogo Heráclito trazia, o logos governar
Eterno-mundo já seguia
Em guerra transformar

Platão já tentaria, uma ideia me mostrar
Mas sua ideia eu não podia
Em vida vislumbrar

O Demiurgo era a fonte, do trabalho criativo
Os elementos na alma ele fundiu
Para um mundo objetivo

O Pléon indivisível por seu gêmeo é composto
E em cima ou embaixo se compara
Do átomo ao seu oposto

Minha Alma possuía, um metal a reluzir
o metal empurestado
para o Estado definir

IV

O Magistério já aguarda, por um homem preparado
pois o sábio interpela
o bezerro desgarrado

O magistério é a profissão, do sumo homem encontrado
é governante da razão,
sobre o sofista assustado

É ferreiro e joalheiro, medico e professor
transforma o impuro em rubedo
Em potência Imperador

Na natureza observa, a verdade bem velada
A tradição já nos falava
Da semelhança revelada

A alma é a motora, de um espírito emancipado
Mente criadora
Sobre o corpo acorrentado

domingo, 24 de março de 2013

Pedra Filosofal


Quando o Sol e a Lua se deitam sob deleite do amor
Um maravilhoso filho vem nos purificar
Esse maravilhoso filho de pedra rubea cor
Eleva espírito úmido ao mais alto patamar

Oh Sol, Oh Lua cujo maravilhoso gozo tudo solve
Oh pedra dos três reinos
Bebo o elixir rubedo de suco nobre
Feita com frio orvalho do sereno

Oh pedra que dentro do metal está oculta
Transforma sementes em árvores, chumbo em ouro e homem em deus
Se só os sábios reconhecem os caminhos para a gruta
Todo ouro e glória serão meus

Se Kundalline quiser subir
Pelo sêmem o vapor há de empurrar
As serpentes não deverão cair
Enquanto mercúrio não derramar

Oh Pedra, elixir rubedo
Oh tesouro filosofal
Teu brilho cintila em vermelho
É para o sábio o que o vento é para o nau

(Vinicius Pimentel Ferreira)

domingo, 26 de agosto de 2012

Discurso Vincuniano (Solve e Coagula )




 “Lançai-vos humanos a Verdade, deixai de lado o fracasso que envergonha vossa santidade, olhem para o kosmos, olhem para si mesmos, olhem para o espelho que vos reflete como sóis... Abandonem as sombras da falsa realidade, deixai a mudez de lado e reclamem o verbo do qual fazem parte, o verbo que corre em vossa carne.
  Amem o Todo, o alto extremo inalcançável do qual todos buscamos, amem a felicidade humanos, pois não precisam de nada além disso, pois só são isso e isso é Tudo.
   Treinem a verdadeira profissão, sejam artesãos, modeladores da natureza, modelem, desfazer e fazer, solve e coagula, transformem, mudem, o segredo é eudaemonia, esta é a chave que abre qualquer portal, essa é a chave para o Um.
   Tudo é Um, o Um é Tudo, vós sois Um, vós que vislumbrastes tudo pela esfera demiurgica.
  Libertem-se homúnculos, transformem vossas almas, tornem-se puros, a pureza lhes é “de-vida” , tornem-se Um.
  Vejam o próximo, como veem a si mesmos, pois são um e o mesmo, só a unidade é possível.
  Todo mal que fizerdes a outro farão a si, todo ato piedoso para teu próximo é um ato piedoso para si, pois tu és o próximo da reação.
  Para realizar o verdadeiro ato o artesão deverá tomar para si o circulo perfeito, só o verdadeiro artesão saberá encontra-lo, o circulo cujo centro é o Todo e as bordas não se encontram.
  O verdadeiro ato é a transmutação, a arte dos homens dourados, OH homens dourados quão belos sois, como o sol de primavera que permite o florescer dos campos.
 Curem o inverno meus irmãos e façam florescer as colinas, nisso consiste o verdadeiro homem, o homem magno, contemplem o espírito e lhe será revelado à arte de transformar.
 Abram os portões que muitos não ousam passar, sejam o contra peso na balança, bebam do elixir rubro de nosso espírito.
  A luz que lhes gerou o espírito repousa na Verdade, a luz que tudo gera lhes banha o intelecto, mergulhem na mônada e ignorem as sombras.
 É nosso dever transformar o mundo, nós somos o mundo, nos somos Um.
  Nós somos a imensa yggdrasil, nós somos o universo, somos maior no Todo que na parte.
  Não há mal que possa machucar os artesãos, o único mal no qual se acredita é mera sombra, e das sombras fazemos luz.
  Artesãos transformam um irmão em outro, o esquerdo no direito, o mole em duro, liso em áspero.
 Levantem a mão e sintam as pontes universais as quais estamos todos conectados.
  A verdadeira riqueza não pode ser encontrada fora, tolos são os que procuram, porque não há fora.
 Oh pimandro, lançou tua luz que tudo transforma sobre minha alma, Oh artesão original, agora me passaste o ofício que ainda não pude me tornar mestre, apenas um discípulo.
  Pois agora vejo, eu sigo a ordem, eu sou a ordem, nada mais há fora da ordem, nada há fora, não há fora.
 Pois essa é a chave para A Pedra, pois ela está dentro.”