quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Curador de Almas




I

Eu sou curador de almas, sou poeta e pensador
Dadorangústia que me assola
O Saber é meu amor


Sou médico do rebanho, do rebanho adoecido
Adoecido por ser rebanho
Do intelecto reprimido

Pelas ruas escuras eu passeio, passeio de alma a rigor
com bico, capa e cajado
Liberto o homem sofredor

Com Sophia sou casado, oratória minha filha
com cajado eu milagro
cura-dor que me angustia

De Asclépio eu sou filho, Trimegisto meu avô
Na esmeralda fui fundido
Com mercúrio em vapor

II

Na Prata sinto trevas, no Ouro o calor
No templo ouço sino
Na Alma um vetor

Em sonho vi a Pedra
A pedra sobre o céu
Sobre o céu não há matéria
Guardo a Pedra sob-véu

O Leão rugi imponente em matura maturar
Matura homem que labuta
Sobre si a lapidar

A gralha curandeira, grita a morte afastar
Thanátos recu-usado
Volátil erva medicar

III

Do fogo Heráclito trazia, o logos governar
Eterno-mundo já seguia
Em guerra transformar

Platão já tentaria, uma ideia me mostrar
Mas sua ideia eu não podia
Em vida vislumbrar

O Demiurgo era a fonte, do trabalho criativo
Os elementos na alma ele fundiu
Para um mundo objetivo

O Pléon indivisível por seu gêmeo é composto
E em cima ou embaixo se compara
Do átomo ao seu oposto

Minha Alma possuía, um metal a reluzir
o metal empurestado
para o Estado definir

IV

O Magistério já aguarda, por um homem preparado
pois o sábio interpela
o bezerro desgarrado

O magistério é a profissão, do sumo homem encontrado
é governante da razão,
sobre o sofista assustado

É ferreiro e joalheiro, medico e professor
transforma o impuro em rubedo
Em potência Imperador

Na natureza observa, a verdade bem velada
A tradição já nos falava
Da semelhança revelada

A alma é a motora, de um espírito emancipado
Mente criadora
Sobre o corpo acorrentado