quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sentado no meu banco 02/06/2012






Eu aos poucos retrocedo, sob ameaça de uma força desconhecida e invisível
Tal força que me causa preguiça, PANSA e o mau hálito da matina
Me dilacera o espírito, me encobre a visão e me ataca o sensível
Que força é essa que vem me tomar? qual sua fonte? seja deste ou doutro mundo...
Me atrasa o trabalho, sonhos e desejos... Tudo parece distante demais para alcançar.
E o sofá? O sofá da sala, confortável demais, INCOMODO, parece que quanto mais repouso nele, mais estou cansado...
E as pessoas? As pessoas, ah as pessoas... Como me cansa vê-las, como me retarda ouvi-las...
Por que sofrem tanto por tão pouca coisa? Por que sofrer tanto por outra cousa?
As pessoas são a força que me devora, que me arde em paixões, falsas e ébrias.
De qual espírito o humano há de reportar-se? Não sei e não me importa.
Se quero ser feliz? Talvez, ou com certeza, mas como haverá a felicidade?
O que tenho nas mãos se não vícios e a baixa intelecção?
De que fome anseia meu espírito, que como uma draga tudo devora sem satisfazer-se?
Oh Deus meu, desconhecido consciente a sempre esperar no horizonte...
Por quê me criaste cheio de duvidas, por quê me fizera diferente, doente, ou pior, o único saudável?
O que é pior que estar junto, e ter-se sozinho?
Qual sombra de arrogância bebe a alma embriagada que não pode desvincular-se?
Por qual motivo os homens são tão sensíveis, cuja heterodoxia os ofende tão facilmente...
Oh Poimandres, porque trouxera a este mundo, baixo e vil, belo e amargo...
Por quê deixou-me envenenar com o Mercúrio se isso me tornaria tão solitário?
Como anseio por solidão, e como o convívio me faz falta...
Será que estou louco? E de qual qualidade é esta loucura?
Vivo essa víbora vida de vozes sussurrantes, sem mendigar...
E sussurrando meu pensamento, sibilo a vida a quem puder escutar.
(Vinicius Pimentel Ferreira)