domingo, 26 de agosto de 2012

Discurso Vincuniano (Solve e Coagula )




 “Lançai-vos humanos a Verdade, deixai de lado o fracasso que envergonha vossa santidade, olhem para o kosmos, olhem para si mesmos, olhem para o espelho que vos reflete como sóis... Abandonem as sombras da falsa realidade, deixai a mudez de lado e reclamem o verbo do qual fazem parte, o verbo que corre em vossa carne.
  Amem o Todo, o alto extremo inalcançável do qual todos buscamos, amem a felicidade humanos, pois não precisam de nada além disso, pois só são isso e isso é Tudo.
   Treinem a verdadeira profissão, sejam artesãos, modeladores da natureza, modelem, desfazer e fazer, solve e coagula, transformem, mudem, o segredo é eudaemonia, esta é a chave que abre qualquer portal, essa é a chave para o Um.
   Tudo é Um, o Um é Tudo, vós sois Um, vós que vislumbrastes tudo pela esfera demiurgica.
  Libertem-se homúnculos, transformem vossas almas, tornem-se puros, a pureza lhes é “de-vida” , tornem-se Um.
  Vejam o próximo, como veem a si mesmos, pois são um e o mesmo, só a unidade é possível.
  Todo mal que fizerdes a outro farão a si, todo ato piedoso para teu próximo é um ato piedoso para si, pois tu és o próximo da reação.
  Para realizar o verdadeiro ato o artesão deverá tomar para si o circulo perfeito, só o verdadeiro artesão saberá encontra-lo, o circulo cujo centro é o Todo e as bordas não se encontram.
  O verdadeiro ato é a transmutação, a arte dos homens dourados, OH homens dourados quão belos sois, como o sol de primavera que permite o florescer dos campos.
 Curem o inverno meus irmãos e façam florescer as colinas, nisso consiste o verdadeiro homem, o homem magno, contemplem o espírito e lhe será revelado à arte de transformar.
 Abram os portões que muitos não ousam passar, sejam o contra peso na balança, bebam do elixir rubro de nosso espírito.
  A luz que lhes gerou o espírito repousa na Verdade, a luz que tudo gera lhes banha o intelecto, mergulhem na mônada e ignorem as sombras.
 É nosso dever transformar o mundo, nós somos o mundo, nos somos Um.
  Nós somos a imensa yggdrasil, nós somos o universo, somos maior no Todo que na parte.
  Não há mal que possa machucar os artesãos, o único mal no qual se acredita é mera sombra, e das sombras fazemos luz.
  Artesãos transformam um irmão em outro, o esquerdo no direito, o mole em duro, liso em áspero.
 Levantem a mão e sintam as pontes universais as quais estamos todos conectados.
  A verdadeira riqueza não pode ser encontrada fora, tolos são os que procuram, porque não há fora.
 Oh pimandro, lançou tua luz que tudo transforma sobre minha alma, Oh artesão original, agora me passaste o ofício que ainda não pude me tornar mestre, apenas um discípulo.
  Pois agora vejo, eu sigo a ordem, eu sou a ordem, nada mais há fora da ordem, nada há fora, não há fora.
 Pois essa é a chave para A Pedra, pois ela está dentro.”
  

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sentado no meu banco 02/06/2012






Eu aos poucos retrocedo, sob ameaça de uma força desconhecida e invisível
Tal força que me causa preguiça, PANSA e o mau hálito da matina
Me dilacera o espírito, me encobre a visão e me ataca o sensível
Que força é essa que vem me tomar? qual sua fonte? seja deste ou doutro mundo...
Me atrasa o trabalho, sonhos e desejos... Tudo parece distante demais para alcançar.
E o sofá? O sofá da sala, confortável demais, INCOMODO, parece que quanto mais repouso nele, mais estou cansado...
E as pessoas? As pessoas, ah as pessoas... Como me cansa vê-las, como me retarda ouvi-las...
Por que sofrem tanto por tão pouca coisa? Por que sofrer tanto por outra cousa?
As pessoas são a força que me devora, que me arde em paixões, falsas e ébrias.
De qual espírito o humano há de reportar-se? Não sei e não me importa.
Se quero ser feliz? Talvez, ou com certeza, mas como haverá a felicidade?
O que tenho nas mãos se não vícios e a baixa intelecção?
De que fome anseia meu espírito, que como uma draga tudo devora sem satisfazer-se?
Oh Deus meu, desconhecido consciente a sempre esperar no horizonte...
Por quê me criaste cheio de duvidas, por quê me fizera diferente, doente, ou pior, o único saudável?
O que é pior que estar junto, e ter-se sozinho?
Qual sombra de arrogância bebe a alma embriagada que não pode desvincular-se?
Por qual motivo os homens são tão sensíveis, cuja heterodoxia os ofende tão facilmente...
Oh Poimandres, porque trouxera a este mundo, baixo e vil, belo e amargo...
Por quê deixou-me envenenar com o Mercúrio se isso me tornaria tão solitário?
Como anseio por solidão, e como o convívio me faz falta...
Será que estou louco? E de qual qualidade é esta loucura?
Vivo essa víbora vida de vozes sussurrantes, sem mendigar...
E sussurrando meu pensamento, sibilo a vida a quem puder escutar.
(Vinicius Pimentel Ferreira)